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Haneke, coisas para ver!

Michael Haneke

Regressei à cultura, mais concretamente a Michael Haneke, por 3 razões de uma simplicidade assustadora. A primeira porque saiu o “amour” com imenso estrondo e tinha de o ver!

A segunda é porque precisava, muito, de sair do universo que ando literalmente mergulhado de minudências desportivas, super egos e talentos raros, raros no sentido de escassos!

A terceira e mais relevante, por que desde sempre fiquei com uma dúvida, daquelas dúvidas estúpidas, persistentes e que por qualquer razão gostamos de nos agarrar a a elas nunca promovendo uma dissolução.

A estas dúvidas eu chamo carinhosamente de “plausibilidade para uma ignorância óbvia”, tenho várias e cultivo-as!

Esta dúvida prendia-se com o facto de sempre ter achado que Michael Haneke era uma mulher, Francesa! Não tinha nenhuma dúvida disso até ter saído o “White Ribbon” em que a celebrar o feito aparecia um tipo com ar de cretino, falando um Alemão quadrado com uma barba farta e mal organizada!

Ora isto precisava de ser explicado!

Vai daí que fui ver a filmografia completa de Haneke!

Fazendo uma leitura rápida e pouco profunda posso tentar distinguir várias coisas a primeira uma certa obsessão pela realidade.

No inicio vem uma “triologia” sobre casos verídicos ou vagamente reais que mostram um lado obscuro da natureza humana uma realidade para lá da ficção, que vai além da imaginação.

O sétimo continente (1989), Benny`s Video (1992) e 71 Fragmentos de uma cronologia ao acaso (1994)

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São todos excelentes registos, o tom monocórdico sem grandes picos de emotividade que caracteriza a trama e sobretudo a sua interpretação pelo realizador vê-se logo aqui!

São histórias horrendas da natureza humana tratadas com a calma e com o sangue frio de quem não se importa muito com o que se está a passar e se interessa antes pelo plano, pela côr e sobretudo por não transmitir nenhuma emoção que perturbe o espectador na sua leitura do filme!

…é muito bom! A não perder sob qualquer pretexto! Sobretudo o Sétimo continente…uma obra prima de plano em plano!

O Castelo (1997)

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Confesso que vi o filme sem saber nada dele, e logo no inicio achei aquilo tudo kafkiano e sem originalidade, quase desisti de ver! Foi bom esperar pelo fim para perceber que é de facto baseado na obra do autor (Kafka). Ainda não li o livro mas terei de fazê-lo para perceber a qualidade com que Haneke trabalhou naquela altura!

Uma coisa conseguiu, fazer passar esse sentimento kafkiano para a tela!

Funny Games (1997) e Remake (2007 USA)

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Confesso que estou a caminho de ver o primeiro de noventa e sete, mas o segundo é MAGNIFICO! Um daqueles filmes que nos dão uma perspectiva única sobre a forma de ver e fazer cinema. A pureza e clarividência com que está filmado, a crueldade e crueza com que a trama se desenvolve são notáveis!

Também aqui tem um aspecto curioso, a meio do filme somos abordados directamente pelo actor, de frente para a “tela” e falando em discurso directo com espectador, esses breves momentos quebram a ilusão de que tudo aquilo é real e dão igualmente uma…não diria profundidade mas certamente uma nova dimensão ao cinema! BRILHANTE.

Vi num documentário que o mesmo Haneke foi surpreendido de igual forma numa das suas primeiras idas ao cinema e aquilo o desiludiu de forma enorme, ele pensava que estava num plano de realidade e de repente o actor quebrou essa magia! Aqui faz-nos a mesma coisa, com uma qualidade impressionante.

Esta é a parte que queria falar desta icónica figura do cinema! O resto é conhecido e muito visto!

A Pianista é um dos melhores filmes jamais vistos, Code Inconnu é brilhante, o tempo do Lobo é uma excentricidade afirmativa…Caché é de uma qualidade rara e vai beber a todos os bons filmes anteriores e claro os últimos dosi são filmes de academia ( White Ribbon e Amour).

Agora quanto à minha dúvida! Isso!

…bom a dúvida é simples, na mesma altura em que comecei a ver Haneke saiu  um filme brilhante “A ma souer”, com um final cruel e inesperado. Na altura ficou-me aquilo na cabeça e sabia ser de uma realizadora Francesa, por uma qualquer associação de ideias achei que era Michael Haneke e desde aí para mim esse filme era dessa brilhante realizadora francesa que depois fez o Code Unconnu e a Pianista e o tempo do Lobo….filmes marcantes na minha vida!

Pois desfiz essa dúvida, a brilhante realizadora é a Catherine Breillard que certamente preencherá algum do meu tempo nas próximas semanas!

Maio 7, 2013 at 12:36 pm Deixe um comentário


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